Além do Volante: Uma Homenagem a Quem Move o Brasil
Por Pedro Gobbi
O Brasil só funciona porque alguém não parou. Enquanto o país dorme, o caminhoneiro acorda. E quando tudo parece girar sozinho, é ele quem está por trás — firme, focado, invisível pra muitos, essencial pra todos.
Neste mês de julho, em que se comemorou o Dia do Caminhoneiro (25/07), não poderia deixar de fazer esse registro. Sem romantização, com respeito. Essa é uma homenagem sincera a quem, mesmo sem aplausos, carrega o país nas costas — ou melhor, nas rodas.
Mais do que motorista — é operador logístico
Ser caminhoneiro não é só segurar o volante. É entender mecânica, saber lidar com imprevistos e manter a cabeça no lugar mesmo com pressão por todos os lados.
Ele conhece a carga, cuida do caminhão, calcula os custos e encara cada viagem como parte de uma missão.
Muitos são verdadeiros empresários do próprio volante. Antes de aceitar um frete, já fizeram na cabeça a conta do diesel, dos pedágios, do desgaste do pneu, da alimentação e do risco. Errar no percurso, no tempo ou na calibragem do pneu pode custar caro — pra ele, pro cliente e pra toda a operação.
O Brasil roda sobre rodas
Cerca de 60% a 65% de tudo que se transporta no Brasil vai pelas rodovias. Quase tudo passa por um caminhoneiro: alimento, remédio, material de construção, combustível, roupa, embalagem.
Segundo a CNT e a EPE, o caminhão é o elo que liga o campo à cidade, o porto ao supermercado, a fábrica ao consumidor.
Sem ele, nenhuma cadeia gira.
A logística que ele executa — na raça
Enquanto muita gente debate estratégia em salas com ar-condicionado, o caminhoneiro está lá fora, enfrentando a estrada real.
Buracos, carga mal distribuída, atraso no carregamento, pedágios caros, insegurança... E, mesmo assim, ele segue viagem.
📊 Olha os dados:
Apenas 12% das rodovias brasileiras são pavimentadas (Fonte: ConstrucaoCivil.info)
67% têm problemas (Fonte: CNT 2023):
• 56,8% com pavimento ruim
• 63,4% com sinalização irregular
• 66% com traçado perigoso
• 42% sem acostamento
• 12% com buracos ou ondulações
E mesmo com tudo isso, ele cuida do caminhão, chega com precisão e segue viagem. É uma logística silenciosa — mas vital.
Pressão sem apoio
O caminhoneiro roda com o peso do mundo nas costas: prazo apertado, combustível caro, risco de roubo, pouco apoio técnico, jurídico ou emocional.
Além disso, ainda enfrenta:
• Frete espremido
• Aumento no preço das peças
• Falta de políticas públicas sérias
• Excesso de burocracia
E mesmo assim, ele não desiste. Porque, pra ele, parar nunca foi opção.
Experiência que vale mais que tecnologia
Enquanto o mercado investe em sistemas e inteligência artificial, o caminhoneiro ainda tem algo que nenhum dashboard entrega: o faro da estrada.
Ele sente o caminhão. Pelo som, já sabe quando algo vai dar problema. Sabe onde parar, onde não confiar, onde o tempo corre mais devagar.
Essa inteligência não está em planilhas. Está no corpo, no suor, na quilometragem vivida.
Reconhecer é preciso
Valorizar o caminhoneiro é muito mais que fazer homenagem bonita. É enxergar que, sem ele, o transporte não existe. E com ele, tudo anda melhor.
Tratar esse profissional como peça estratégica — e não como custo — é garantir eficiência, parceria e entrega de verdade.
Conclusão — O país só anda porque eles não param
Esse artigo é um agradecimento real. A esses profissionais que, mesmo com estrada ruim, diesel caro, risco alto e estrutura precária, continuam firmes.
Muitos com um sorriso no rosto. Fazendo o impossível virar rotina.
Enquanto o mundo gira em torno de tecnologia, eles seguem no asfalto — guiando a vida real.
Na boleia, no volante, no barulho do motor, carregam mais que carga: carregam o Brasil.
Obrigado a todos vocês, que mesmo sem palco, fazem o show acontecer.
Especialista no mercado de pneus para transporte. Atuação com foco em distribuição, estratégia comercial e visão de cadeia completa.
Data do evento: 29 de Julho 2025
Avaliação: 5/5
