O Peso do Passaporte: por que ainda desconfiamos do pneu importado
Introdução
O técnico da Seleção Brasileira é estrangeiro.
O motor do caminhão é alemão.
O celular é chinês.
Mas o pneu… precisa ser nacional?
Na estrada — como no futebol — o que importa de fato é o desempenho.
E quando o resultado aparece, a origem perde relevância.
No entanto, muitos ainda veem o pneu importado com desconfiança: como se o país
de fabricação falasse mais alto que o teste em campo, a quilometragem real ou o
custo por km.
Será que estamos avaliando com técnica — ou julgando por tradição?
Este artigo vai além de bandeiras.
É sobre resultado.
Importações em alta x embate do preconceito
Entre 2017 e 2024, as importações de pneus asiáticos cresceu de forma significativa — com marcas como China, Vietnã, Índia e Malásia dominando o panorama.
Preços competitivos, tecnologia e distribuição avançada derrubaram o status quo da indústria tradicional.
Mesmo assim, frases como “importado não aguenta peso”, “chinês não presta” e “só o nacional é confiável” ainda ecoam nos pátios e nas decisões de compra.
Casos reais: quando o importado entrega mais
Em uma frota do interior do Paraná, observei pneus asiáticos de aplicação urbana superarem os nacionais em quilometragem e recapabilidade — enquanto o concorrente brasileiro, além de mais caro, apresentou falhas estruturais.
Esses casos não são exceção. São cada vez mais comuns.
Importado x Nacional: o que importa de verdade
Há produtos nacionais excelentes: com pós-venda estruturado, tecnologia moderna e garantia confiável.
Mas o que importa de verdade?
- Critério
- Aplicação correta
- Suporte técnico
- Análise de CPK/TCO
- Resultado operacional
A análise deve ser técnica, não ideológica. Tanto o importado quanto o nacional podem ser soluções — dependendo da escolha e da aplicação.
Proteção ou peso no bolso?
Em 2025, foi renovada por até 5 anos a taxa antidumping sobre pneus asiáticos.
A justificativa é proteger a indústria nacional. Mas a conta é paga pelo transportador — que sofre com margens apertadas, diesel caro e manutenção constante.
O protecionismo pode ser um tiro no pneu se for usado sem olhar a realidade da estrada.
Resultado não tem bandeira
Quem está na operação real sabe disso: resultado não tem bandeira.
Tem CPK, recapabilidade, segurança e eficiência.
Pneus importados têm surpreendido — e nacionais, entregue valor. A diferença? Aplicação, análise técnica e transparência.
Conclusão: o pneu certo é estratégia, não ideologia
O peso do passaporte não deveria afetar sua escolha.
Se o híbrido entrega mais performance por km, é solução — não ameaça.
O setor precisa abandonar preconceitos e avançar com decisões inteligentes, técnicas e bem fundamentadas.
Pedro Gobbi
Especialista em Pneus • Escritor • Estratégia Comercial
